terça-feira, 31 de julho de 2012

Segredos Vegetais (Dércio Marques)

(Dércio Marques)

No meu jardim, no meu jardim as flores falam
E sabem ler, sabem entender a dor e calam
No meu jardim, no meu jardim as flores falam
E sabem ler, sabem entender a dor e calam

Quem cala não consente, as flores sabem mais
Da dor que a gente sente, a dor dos vegetais, a dor dos vegetais

E o girassol, e o girassol mudou de rua
Virou de costas para o sol, namora a lua
E o mal-me-quer e o mal-me-quer
Expira e exala, pra coroar seu bem-querer
Se despetala

Quem cala não consente as flores sabem mais
E o silencio elas sentem, a dor dos vegetais, segredos vegetais

Se eu pudesse ser madeira eu queria ser vara de marmelo
Carregar fruto maduro, ser doce puro, sol amarelo
Se eu pudesse ser madeira eu queria ser vara de marmelo
Carregar fruto maduro, ser doce puro, sol amarelo
Cor do sol, Cor do sol?

O meu quintal, o meu quintal bicho da lua
Falou assim do Urutá qual é a tua 
Me disse assim, um Japonês seu Atan Age
Por mais que o homem seja ruim que não se acabe

Quem cala não consente as flores sabem mais
Da dor que a gente sente, a dor dos vegetais, a dor dos vegetais

O meu destino, o meu destino é ser um bosque
Com muita flo,r muito cipó que nos enrosque
O meu destino, o meu destino é ser um bosque
Com um castor e muita flor que nos enrosque

Quem cala não consente as flores sabem mais
Da dor que a gente sente, a dor dos vegetais a, dor dos vegetais

Se eu pudesse ser roseira eu queria ser rosa bem cheirosa
Pra enfeitar moça faceira, morena bela, mulher formosa 
Se eu pudesse ser roseira eu queria dar rosa bem cheirosa
Pra enfeitar moça faceira, morena bela, mulher formosa
Cor do sol, cor do sol

O meu jardim, o meu jardim é atrás de um prédio
Onde um jasmim disse ai de mim, morro de tédio
Disse o Angelim ao alecrim que o amor é um duende
Amor é coisa de jardim, flor não se vende

Quem cala não consente as flores sabem mais
O silêncio elas sentem, segredos vegetais, segredos vegetais

No meu jardim no meu jardim nasce uma era
Me surpreendeu em pleno abril a primavera
E o meu destino, o meu destino é ser um bosque 
Com muita flor, muito cipó que nos enrosque
Quem cala não consente, as flores sabem mais
Da dor que a gente sente, a dor dos vegetais, a dor dos vegetais
Se eu pudesse ser madeira eu queria ser vara de marmelo
Carregar fruto maduro, ser doce puro, sol amarelo
Se eu pudesse ser madeira eu queria ser vara de marmelo
Carregar fruto maduro, ser doce puro, sol amarelo
Cor do sol, Cor do sol?

Um comentário:

  1. Mavioso poema..., do saudoso tocador Dércio Marques!... Muito obrigado por todo o seu canto e cantar, o qual tanto nos emocionou e emociona... Conhecemos-nos na chapada diamantina durante festivais de cultura..., foi um prazer, foi grade Musico o Dércio Marques!

    ResponderExcluir